Foi no Instituto Cultural Janela Aberta, aqui em São Carlos, que ocorreram nossas primeiras atividades de imersão.
De acordo com o interesse geral expressado pelo grupo ao longo do ano em vários bate-papos, começamos nossa imersão com atividades voltadas para grandes autores do teatro mundial: Gogol, Brecht e Ariane Mnouchkine. De Gogol lemos o Inspetor Geral, hilária comédia que contém características muito próximas do que ocorre com a política de nosso país. Quanto ao Brecht, lemos o texto base da peça Viva Brecht, cuja preparação foi feita por Reinaldo Santiago. Esse teatrólogo alemão é um dos fortes da nossa orientadora, a Marcília, e por isso o aprendizado que sacamos a partir de sua fala sobre a estética brechtiana foi algo que ampliou nossa visão e nos apontou caminhos. Aliás, por falar em ampliar a visão, também o fez o filme que assistimos, Le Soleil a Kabul, documentário que acompanha a missão que Ariane Mnouchkine e sua trupe do Théâtre du Soleil fizeram à capital do Afeganistão com o intuito de instigar atores afegãos a seguir a carreira teatral e a levar ao palco o seus maiores fardos: o sofrimento causado pelo domínio talibã e a ruína em que se encontra o país. As cenas do filme, algumas delas absolutamente catárticas, que inclusive emocionaram a todos nós, nos mostraram que as barreiras para fazer teatro por aqui são muito mais brandas e quase ilusórias se comparadas com as dos atores afegãos, que ao fazer teatro são vítimas de violentos preconceitos, correm o risco de sofrer agressões físicas e põem suas vidas em risco. Tomar contato com essas três manifestações teatrais tão diversas quanto instigantes nos deu muito o que pensar, principalmente com relação a nossa visão de mundo. Resumindo: os trabalhos fizeram efeito imediato e provocaram nosso senso crítico.
No fim da tarde, quando já estávamos nos preparando para ir embora, tivemos a surpresa de receber a visita dos coordenadores gerais do Ademar Guerra, o Abílio, o Humberto e o Beto. Os três simpáticos e animados visitantes vinham de uma nova desbravação do estado de São Paulo. Digo isso porque apenas nesse sábado eles passaram por outras 4 cidades para conferir processos de grupos participantes do projeto. Aqui, conheceram o Preto no Branco e passaram pra gente informações animadoras sobre o que está acontecendo em outras regiões.
O inesperado da visita acabou sendo a coroação de um dia muito importante para a trajetória teatral de todos os integrantes do grupo.
E vamos que vamos! Amanhã estamos no Sesc, a partir das 9h30, pra mergulhar pra valer numa retrospectiva sobre o processo de montagem da nossa "Isabela, a astróloga de araque".
Renato Capella
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